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Valparaíso – Moradores do bairro Unimorar recorrem ao Ministério Público para exigir infraestrutura urbana

A decisão dos moradores do bairro Unimorar, em Valparaíso de Goiás, de recorrer ao Ministério Público não foi um gesto precipitado, nem tampouco movido por radicalismo. Foi, ao contrário, o último recurso de uma comunidade que esgotou todas as vias institucionais de diálogo com o poder público e passou a conviver, cotidianamente, com a frustração das promessas não cumpridas.

À frente desse processo está Moisés Alves, presidente da Cooperativa de Habitação Unimorar, que se consolidou como principal interlocutor da comunidade. Sua atuação tem sido marcada pela persistência, organização e pela tentativa reiterada de buscar soluções administrativas antes de qualquer medida judicial. Somente após sucessivas negativas práticas — apesar dos discursos otimistas — os moradores decidiram formalizar a denúncia junto ao Ministério Público do Estado de Goiás.

O problema central é antigo e conhecido – a ausência de pavimentação asfáltica, de drenagem adequada e de desvio de águas na via que liga o bairro à rodovia GO-577, no trecho entre a Rua Recife e a Rua Potengy, acesso estratégico inclusive à unidade prisional da região. Em períodos chuvosos, o cenário se agrava, comprometendo a mobilidade, a segurança e a qualidade de vida dos moradores.

Durante esse percurso, o secretário municipal de Obras e vice-prefeito, Waguinho do Céu Azul, esteve no bairro em diversas ocasiões. As visitas, no entanto, não se converteram em ações concretas. Segundo relatos da comunidade, houve promessas reiteradas, discursos de solução iminente e expectativas criadas — todas frustradas pela ausência de obras efetivas. O contraste entre a presença política e a inércia administrativa tornou-se o principal combustível da indignação local.

Diante desse histórico, a comunidade decidiu buscar respaldo institucional. No dia 11 de dezembro de 2025, moradores foram recebidos na 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Valparaíso de Goiás, atendendo à notificação formal expedida pela promotora Dra. Oriane Graciani de Souza. Participaram da reunião, além de Moisés Alves, Maria Helena, Cátia, Izaura, José, Márcio e Leomar (foto), representando diferentes segmentos da comunidade.

O gesto da promotoria de registrar formalmente as reclamações, colher depoimentos e anunciar uma visita técnica ao bairro foi interpretado como um divisor de águas. Não se trata mais de reivindicação informal, mas de matéria sob análise jurídica, integrada a um Inquérito Civil Público instaurado para apurar responsabilidades e acompanhar as providências do Município.

A visita da promotora ao bairro Unimorar está marcada para o dia 13 de janeiro de 2026, às 9h, e terá caráter técnico e jurídico. O objetivo é verificar in loco a veracidade das denúncias e levantar elementos que subsidiem eventuais medidas contra a omissão do poder público. Para os moradores, o momento simboliza reconhecimento institucional de uma luta antiga.

O próprio Ministério Público reconhece, nos autos, que a Prefeitura limita-se a manutenções paliativas por meio de encascalhamento e que aguarda previsão de recursos financeiros para elaborar projetos e executar obras estruturais. A constatação, ainda que formal, escancara o impasse: enquanto o planejamento não sai do papel, a população segue enfrentando lama, poeira e isolamento.

A atuação organizada da comunidade do Unimorar, liderada por Moisés Alves, revela um aspecto frequentemente negligenciado na gestão urbana: quando o Estado falha em responder, a cidadania se reorganiza e busca amparo nas instituições de controle. O recurso ao Ministério Público não é confronto, mas pedido de socorro institucional.

Ao transformar a reivindicação em inquérito, o MP impõe ao Município a obrigação de explicar, documentar e agir. Resta saber se, desta vez, as respostas sairão do campo das promessas para o terreno concreto das obras. Para os moradores do Unimorar, a esperança agora não está mais no discurso político, mas na força da lei e na vigilância institucional. Por: André Teixeira – 62999907919.

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