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UBSs de Águas Claras, Ceilândia e Paranoá lideram busca por atendimento noturno no DF

Um levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), baseado em dados do Sistema InfoSaúde, revela que três unidades básicas de saúde do DF se destacam na procura por atendimento no período noturno: a UBS 1 de Águas Claras, a UBS 7 de Ceilândia e a UBS 1 do Paranoá. Juntas, elas registraram 89.474 atendimentos entre janeiro de 2022 e outubro de 2025, todos realizados entre 18h e 22h.

O número chama a atenção porque supera de forma significativa a média geral dos serviços do horário, que é de 12,99%. Em todas essas unidades, a proporção de atendimentos noturnos ultrapassa esse índice, indicando uma demanda consolidada da população por serviços de saúde no fim do dia — faixa em que trabalhadores e estudantes buscam maior flexibilidade para acessar o sistema.

Ceilândia lidera atendimentos noturnos

A UBS 7 de Ceilândia aparece como a principal referência no período analisado. Dos 155.268 atendimentos totais, 38.114 ocorram à noite, o que corresponde a 24,55% — quase o dobro da média do DF. Na prática, o dado significa que um em cada quatro pacientes atendidos na unidade chega após as 18h.

Para profissionais e gestores da assistência, a performance da unidade reflete tanto o volume populacional da região quanto a importância de manter serviços acessíveis fora do horário comercial. Ceilândia, a maior cidade do DF em habitantes, concentra grande parte dos trabalhadores que utilizam a atenção primária apenas nesse período.

Demanda elevada também no Paranoá e em Águas Claras

As UBSs 1 do Paranoá e 1 de Águas Claras também apresentam forte procura no horário noturno, contribuindo para o alto volume de atendimentos registrados no relatório. O movimento reforça um padrão já percebido pela SES-DF: as regiões administrativas mais populosas ou com rotina laboral intensa tendem a buscar a atenção primária em horários alternativos.

Pressão por ampliação do horário e estrutura

Os números reacendem o debate sobre ampliação de equipes e investimentos para suporte às unidades com maior fluxo. Especialistas defendem que a demanda noturna, quando bem atendida pela atenção primária, reduz a sobrecarga de UPAs e hospitais.

Representantes da categoria também apontam que o turno noturno precisa de reforço estrutural, dada a complexidade de manter equipes completas e serviços plenos após o expediente tradicional.

Indicador de necessidade social

O relatório indica que o funcionamento noturno é mais do que um diferencial: tornou-se uma necessidade real da população, especialmente para quem enfrenta jornadas extensas de trabalho ou deslocamento. A SES-DF, por sua vez, avalia que a consolidação do atendimento ampliado representa um avanço na política de Atenção Primária e deve orientar futuras decisões de gestão.

Com o crescimento da procura e a constância dos números ao longo dos últimos anos, o estudo confirma que o atendimento noturno já está incorporado ao cotidiano dos usuários do SUS no Distrito Federal—e deve continuar a exigir respostas estruturadas do governo.

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