A 1ª Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Brasília obteve, nesta quarta-feira (26), a condenação de Hermes Antonio de Magalhães Resende a 20 anos de reclusão, em regime inicial fechado, pela tentativa de homicídio qualificado contra uma mulher grávida de sete meses. O crime ocorreu na Quadra 708 da Asa Norte, região central de Brasília, e chocou moradores pelo nível de violência empregado.

Os jurados reconheceram todas as qualificadoras apresentadas pelo Ministério Público. Segundo a Promotoria, Hermes tentou matar a vítima por motivo fútil: a mulher havia informado à esposa dele que os dois mantiveram um relacionamento sexual. A acusação também destacou o emprego de meio cruel, pela quantidade de golpes de faca desferidos, e o recurso que dificultou a defesa, já que o ataque ocorreu quando a vítima estava de costas, impossibilitando qualquer reação.

Além disso, o réu assumiu o risco de provocar um aborto, uma vez que agiu de forma indiferente ao estado avançado de gestação da vítima, demonstrando completa indiferença ao possível desfecho fatal para mãe e bebê.

A madrugada de terror na 708 Norte

O crime ocorreu em 21 de dezembro de 2022, por volta das 5h, no beco atrás da loja Kasa Prime, na Asa Norte. De acordo com a denúncia, Hermes foi até o local onde a vítima morava, armado com uma faca. No térreo do prédio, ele passou a gritar para que ela descesse, chegando a ameaçar arrombar a porta para invadir o apartamento.

Temendo a violência, a mulher desceu para encontrá-lo. Os dois discutiram no térreo, enquanto Hermes mantinha a faca escondida. Em um momento de aparente término da discussão, quando a vítima virou de costas para deixar o local, Hermes iniciou o ataque, golpeando-a repetidamente, sem chance de defesa.

A violência do crime mobilizou vizinhos, que acionaram socorro e permitiram que a vítima fosse encaminhada ao atendimento de emergência — gesto que salvou a vida da mulher e do bebê.

Condenação reforça a gravidade

A sentença de 20 anos de prisão reforça a gravidade do ato e reconhece o caráter brutal e premeditado do ataque. A condenação também reafirma a atuação do Ministério Público na defesa de vítimas de violência extrema, especialmente em casos envolvendo mulheres e gestantes.

O crime na Asa Norte permanece como um dos episódios mais marcantes de violência doméstica e de gênero dos últimos anos na região, reacendendo o debate sobre proteção às mulheres e prevenção de crimes motivados por ciúmes, controle emocional e relações abusivas.